sexta-feira, 16 de outubro de 2009

RESENHA "ESTE MUNDO DA INJUSTIÇA GLOBALIZADA" DE JOSÉ SARAMAGO




A PSEUDODEMOCRACIA

"Este mundo da Injustiça Globalizada" é um ensaio de José Saramago lido por ele no encerramento do Fórum Social Mundial de 2002 ocorrido em Porto Alegre, no Brasil! Esse gênero textual é, segundo a página da wikipédia na internet, "um texto literário breve, situado entre o poético e o didático, expondo ideias, críticas e reflexões morais e filosóficas a respeito de certo tema". Saramago foi, até esta data, o único escritor em Língua Portuguesa a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, fato ocorrido em 1998. Saramago lembra sal amargo, chamado pela IUPAC de sulfato de magnésio, composto químico de indicações agrárias e médicas, tem o sabor oscilante entre o ácido e o amargo, informação também colhida na wikipédia ... Coincidências à parte, Saramago tem o mesmo sabor, pelo menos aos que ele chama de "esquerdistas, anquilosados em fórmulas caducas, alheios ou impotentes para enfrentar as realidades brutais do mundo actual, fechando os olhos às já evidentes e temíveis ameaças que o futuro está a preparar contra aquela dignidade racional e sensível que imaginávamos ser a suprema aspiração dos seres humanos." Em 1995, Saramago publicara o romance "Ensaio sobre a cegueira" e, em 2004, "Ensaio sobre a lucidez" ambos de caráter sócio-político-econômico. Podemos estabelecer intertextualidade entre esses romances e "Elogio da Loucura" publicado pelo holandês Herasmo de Roterdã em 1509. Essa obra é considerada "um dos mais influentes livros da civilização ocidental e um dos catalizadores da Reforma Protestante"(Wikipédia). A propósito, o supracitado fórum ocorreu em 2002, portanto entre os dois romances referenciados. Nessa oportunidade o autor abordou a dialética situação em que se encontra o mundo dividido: muita riqueza para poucos e muita miséria para muitos! Ele ataca o processo de globalização, contexto em que "o rato dos Direitos Humanos" acabará devorado pelo "gato da globalização econômica". Somos ratos ou gatos nessa história? Se compactuamos com a atual concentração desumana de renda, cultura, saúde, educação, cidadania de um modo geral, somos gatos; se badalamos o "sino", aquele mesmo que um camponês italiano fez soar pela morte da Justiça no século XVI, somos ratos... Camundongos crescidos, reforçados pela indignação acumulada desde o início da "Idade Moderna": Renascimento cultural! Quem foram os mecenas dos analfabetos, marginalizados sociais, nossos ascendentes? Mercantilismo! Quanto ouro o citado camponês de Florença conseguiu adquirir em toda sua vida? No dicionário de símbolos, o sino é descrito de maneira dicotômica: anuncia o nascimento e a morte. Basta lembrar do sino como símbolo de Natal... E da prática de se tocar o sino quando morre alguém... Então, já que a Justiça está morta, vamos tocar o sino pela sua ressurreição,em âmbito globalizado assim como vive a Injustiça, por quem também há de dobrar o sino, anunciando seu fim! Ironicamente ele sugere que não adianta vendar os olhos da Justiça e lhe viciarem os pesos da balança... Saramago refere-se à Democracia como um sistema político demagógico que não tem nada de popular, cujas premissas precisam ser reavaliadas com urgência. Ele desprestigia o direito do voto, como uma prática inútil diante do poder econômico, "única e real força que governa o mundo".Para finalizar, Saramago exalta a Declaração Universal dos Direitos Humanos acima de qualquer programa de governo ou metas sindicalistas, em que o tão aclamado bem-comum não passa de um chavão, clichê, lugar-comum apropriado em discursos manipulatórios pré-eleitorais.

3 comentários:

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  3. Parabéns,

    Enquanto houver ar, Pessoas (Maravilhosas !) como Você, haverão de espalhar aos 4 cantos do mundo a possibilidade de um NOVO MUNDO.
    Pra cada Bush da vida, existem Saramagos, Chomskys, Hobsbawm, Josés Arbex...Que nos ajudam a superar esta grande Caverna em que vivemos.
    Beijos Neide

    twitter.com/ocidri

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